Olá!
Nesta transcrição, irás encontrar links que te permitem continuar a investigar sobre este tema.
Nota introdutória | Origem do Sars-Cov-2
Vamos começar pelo início da pandemia e mais especificamente, vou iniciar esta apresentação com a origem do vírus que causa a COVID-19, o Sars-Cov-2.
O que é que a origem deste vírus tem de especial? Uma das coisas que se sabe é que este é um vírus que nos foi passado devido ao contacto com animais selvagens por parte de humanos, muito provavelmente a partir de um mercado de animais selvagens, onde existe pouca preocupação com a saúde pública e onde podem existir animais doentes.
Como exemplo, o Mercado de Wuhan, local onde se acredita que o vírus tenha passado para os humanos, vende “120 variedades de animais selvagens de 75 espécies”.
Mas, o Sars-Cov-2 não é o único vírus que nos foi transmitido por animais. Exemplos como o Zika, o Sars, o Ébola, o HIV e muitos outros vírus foram-nos transmitidos pelo contacto com animais selvagens.
Só para usarmos uma escala, dos “1415 patógenos humanos conhecidos 61% deles são zoonóticos”, ou seja, foram-nos transmitidos por animais.
E esta transmissão pode se dar de diversas formas. As mais comuns devem-se ao uso de animais selvagens para alimentação ou para terapias médicas, ou devido à desflorestação e invasão de habitats selvagens ou até simplesmente devido à venda destes animais como animais de estimação.
Grande parte destes vírus continua em transmissão entre humanos em diversas partes do mundo e continuam a causar milhares de mortes todos os anos. Desta forma, conseguimos compreender que a nossa relação com a vida selvagem não é adequada e necessita de mudança!
Impactos da COVID-19 no ambiente
Mas, agora passando aos impactos em si da pandemia por COVID-19.
Impactos positivos da COVID-19 no ambiente
Redução da emissão de poluentes a curto prazo
Um dos impactos mais marcantes na parte inicial da pandemia por COVID-19 foi a redução da emissão de gases com efeito de estufa.
Na verdade, durante os meses iniciais de 2020 houve uma diminuição de 17% das emissões globais diárias de CO2 e uma redução brusca de cerca de 20-40% dos níveis de dióxido de nitrogénio (poluente emitido durante a combustão de combustíveis fósseis) em locais como a Europa, a China e os Estados Unidos da América.
E, foi por essa razão que começamos a ver diversas fotos onde são comparados os níveis de poluição de diversas cidades antes da COVID-19 ser uma pandemia e em períodos de confinamento.
Mas, quais terão sido as razões desta diminuição de poluentes?
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Menor uso de aviões: Em fevereiro do ano passado (2020) houve uma redução do tráfego aéreo de 70% comparado com janeiro!;
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Diminuição do uso de transportes particulares e coletivos, como carros, autocarros e comboios, devido às restrições de movimentação em certos locais (confinamentos gerais);
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Fecho de fábricas. Como grande parte das fábricas em países em desenvolvimento usa carvão ou combustíveis fósseis, com a sua paragem de atividade ou diminuição de atividade a emissão de poluentes diminuiu;
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Entre outras razões…
Todas estas contribuíram para a melhoria da qualidade do ar em muitos locais!
Ok! Nós já voltaremos às emissões de poluentes brevemente…
Redução do ruído
Outro impacto significativo foi a redução de ruído, devido às mesmas razões apresentadas em cima. Eu sei que normalmente o ruído não é visto como um tema relacionado com o ambiente; no entanto, este afeta a vida de seres vivos e até causa consequências aos humanos a longo prazo. No link que apresentei inicialmente poderão saber mais sobre os impactos do Ruído!
Impactos negativos da COVID-19 no ambiente
E, com o que vimos até agora, poderá parecer que a COVID-19 causou um alívio para o ambiente… Mas, será que foi mesmo assim?
Aumento da produção de resíduos
Um dos elementos que nos foi introduzido à força, devido a esta pandemia, foram as máscaras e outros elementos de proteção individual.
Atualmente, estas já são um hábito do nosso dia a dia, sendo que existem máscaras de diferentes tipos, como as máscaras cirúrgicas e as N95 (de uma única utilização), as máscaras comunitárias e outras! Grande parte destas máscaras são compostas por plástico, contribuindo para o problema da gestão de plásticos!
De acordo com uma estimativa, cerca de 3,7 mil milhões de máscaras de uma única utilização são descartadas todos os dias globalmente!
Além disso, como estas máscaras representam resíduos potencialmente perigosos que dificilmente são reciclados, acabam em aterros, incineradas ou nos oceanos…
Mas não só as máscaras que aumentam a quantidade de resíduos de uma única utilização! Exemplos como seringas, luvas e outros itens que são usados diariamente em hospitais também contribuem para este problema, além de embalagens de take away, que têm sido bastante usadas durante este período (que também são de uma única utilização!).
Diminuição da prática da reciclagem
Outra consequência relacionada é a diminuição da prática da reciclagem.
Devido ao receio de infeção por parte dos trabalhadores de recolha de resíduos, houve uma ligeira redução da reciclagem.
E, de forma menos evidente, como os preços dos combustíveis fósseis diminuíram no início da pandemia, o mercado dos plásticos reciclados tornou-se menos viável, ou seja, as empresas preferiam comprar plástico virgem produzido através do petróleo, do que comprar plástico reciclado, que devido ao processo mais complexo torna-se mais caro para as empresas.
Desinfeção em locais exteriores
Outra situação que se tornou comum (pelo menos no início da pandemia), apesar de NÃO ser recomendada pela OMS, foi a desinfeção em locais exteriores!
Este além dos efeitos nefastos para os humanos, também contribui para problemas nos ecossistemas. Como exemplo, a excessiva utilização de desinfetantes numa cidade do sul da China levou à morte de numerosos animais de 17 espécies diferentes, sendo que alguns compostos destes desinfetantes são tóxicos para muitos seres vivos, como algas, peixes e microrganismos. Além disso, como já foi detetado Sars-Cov-2 em fezes de pacientes, também está a haver um aumento do uso de desinfetantes nas centrais de tratamento de água. Isto pode levar a desequilíbrios graves nos ecossistemas!
Aumento das emissões dos poluentes
E, retomando as emissões de poluentes:
Será que a redução de poluentes visível no início de 2020, devido aos confinamentos gerais, continuou após o levantamento de restrições nos países?
Se respondeste não, estás correto!
Apesar de ter havido uma diminuição nos primeiros meses de 2020, esta redução foi apenas temporária e não foi sustentável, pois não se deveu a melhorias na forma como produzimos ou consumimos, e assim que puderam, as emissões voltaram aos níveis anteriores de forma a recuperar a economia e a criar emprego!
Na China, as emissões começaram a aumentar logo a partir de Maio de 2020, chegando rapidamente aos níveis pré-pandemia e acabando até por os ultrapassar!
Analysis: China's CO2 emissions surged past pre-coronavirus levels in May, June 2020
Analysis: China's carbon emissions grow at fastest rate for more than a decade
Logo, a COVID-19 não contribuiu para uma redução de emissão de poluentes permanente, como era acreditado por algumas pessoas…
Outras consequências negativas
Mas, além destes impactos todos, a atual pandemia também contribuiu para os seguintes problemas que não vou falar em detalhe, mas que poderão ser analisados em mais pormenor nos links apresentados.
Estes são:
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O aumento da exploração dos recursos naturais em países em desenvolvimento, devido às dificuldades económicas; Isto inclui exploração madeireira (muitas vezes sem licenciamento), tráfico de animais (ilegal), pesca (a ritmos ilegais) ou até desflorestação; Nature's comeback? No, the coronavirus pandemic threatens the world's wildlife Emerging threats linking tropical deforestation and the COVID-19 pandemic In COVID's Shadow, Illegal Fishing Flourishes
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O acentuamento dos efeitos negativos do plástico quer para os seres marinhos como os terrestres; The effects of COVID-19 litter on animal life
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A diminuição da qualidade da água, devido ao maior uso de sabão e de detergente para desinfeção das mãos e espaços; Este sabão pode posteriormente causar espumas em rios, diminuindo a penetração de oxigénio. Além disso, os valores de pH, turbidez, salinidade e temperatura podem alterar-se, afetando animais e plantas marinhos. Environmental impact of increased soap consumption during COVID-19 pandemic: Biodegradable soap production and sustainable packaging
É de notar que muitos destes efeitos podem ter sido acentuados, devido à menor fiscalização e até devido à retirada de regulamentação ambiental, de forma a fomentar a economia.
Entre outros…
O que podes fazer?
E com isto provavelmente fiz algo que não gosto muito que é criar uma sensação de desesperança, em que as pessoas sentem que não podem fazer nada para melhorar…
Mas, não é bem assim! Há sempre ações que cada um de nós pode tomar de forma a reduzir o nosso impacto no ambiente.
Em primeiro lugar, logicamente continuar a manter as boas práticas ambientais, como reduzir o consumo, separar o lixo (e reciclar), evitar desperdiçar água e alimentos, entre outras medidas que agora se aprendem na escola primária (ou até antes!). Além disso, a Coopérnico tem uma ótima iniciativa para promover energias limpas e renováveis e diminuir a nossa dependência nos combustíveis fósseis!
Agora algo mais relacionado com a atual situação: As máscaras! Cada máscara é produzida de forma diferente e tem prazos de utilização diferentes, resultando em impactos ambientais diferentes!
Felizmente, já foram realizados estudos que estimam o impacto ambiental de diferentes máscaras e o que eu recorri foi realizado pela UCL (University College London) e estima o impacto destas quando são usadas no Reino Unido por toda a população durante 1 ano, após terem sido produzidas na China.
Estes foram os diferentes cenários considerados.
Os resultados foram estes…
Isto é a nível de produção de resíduos: E, como podemos observar, as máscaras de uma única utilização são as que mais resíduos produzem. E a preferência por máscaras reutilizáveis sem filtro conduz a uma produção de resíduos 95% menor do que se fossem usadas máscaras de uma única utilização.
E este é o gráfico que mostra a quantidade de CO2 emitido ao usar diferentes máscaras! Aqui, o kg CO2 eq. (=equivalente) não só representa as emissões de CO2, como também as de outros gases de acordo com um fator para equivalência. Por exemplo, libertar 1 kg de CH4 (metano) para a atmosfera é aproximadamente equivalente a emitir 84 kg de CO2.
Os E+008 e E+009 representam expoentes, ou seja, as máscaras de uma única utilização são responsáveis pela emissão de 1,50 x 10^9 kg, ou 1 500 000 000 kg.
Em conclusão, o estudo mostra que numa perspetiva ambiental usar máscaras reutilizáveis sem filtro é mais favorável do que usar máscaras de uma única utilização! Além disso, o uso de filtro não é recomendado e máscaras lavadas em máquina tendem a ter um impacto menor que as lavadas à mão! Claro que a saúde das pessoas está em primeiro lugar, por isso, cada um sabe que máscara há de usar.
Existe, também, um projeto chamado “To-Be-Green”, que é responsável por recolher e valorizar máscaras usadas, quer sejam cirúrgicas (descartáveis) ou comunitárias. Alunos da escola D. Sancho I escreveram sobre esse tópico na plataforma JRA, e, quem estiver interessado poderá posteriormente ler mais sobre este tópico através do link presente no endereço que mostrei há pouco.
A tua Máscara Usada pode ser Valorizada - Jovens Repórteres para o Ambiente
Devido a esta pandemia, também estão a ser criados planos de recuperação e muitos deles possuem grandes investimentos para melhoria do ambiente. Estes planos vão ser vitais para a criação de empregos em muitos locais do mundo e para o crescimento económico. No entanto, certos estudos mostram que o investimento em medidas que são negativas para o ambiente é bastante significativo. Eu não pretendo aprofundar sobre este tema, mas inclui diversos links na página.
Por exemplo, a nível da ambição da China para reduzir as suas emissões, o presidente Xi Jinping disse numa conferência das Nações Unidas em 2020:
“We aim to have CO2 emissions peak before 2030 and achieve carbon neutrality before 2060. We call on all countries to pursue innovative, coordinated, green and open development for all, seize the historic opportunities presented by the new round of scientific and technological revolution and industrial transformation, achieve a green recovery of the world economy in the post-COVID era and thus create a powerful force driving sustainable development.”
- Presidente Xi Jinping numa conferência das Nações Unidas
China's 2060 climate pledge is 'largely consistent' with 1.5C goal, study finds
Analysis: Going carbon neutral by 2060 'will make China richer'
E, ainda na China, foi imposto uma proibição de consumo de animais selvagens para alimentação, dando esperança que o aparecimento de vírus zoonóticos diminua!
Conclusão
Concluindo, a COVID-19 foi uma pandemia que causou diversos transtornos a nível social e económico. A nível ambiental, apesar de ter trazido um pequeno alívio inicial, está atualmente a contribuir para o agravamento de problemas ambientais, nomeadamente em relação ao plástico e resíduos, a nível das emissões de poluentes e das alterações climáticas, entre outras.
Verificámos também que com algumas mudanças no nosso dia-a-dia, principalmente com a diminuição dos transportes e do uso de energia, conseguimos diminuir a nossa pegada ecológica e contribuir para um futuro mais sustentável.
Nota final
E, como nota final, de acordo com um inquérito realizado pela Jéssica Coutinho, uma JRA, 49,1% dos portugueses inquiridos afirmaram estarem a ser “mais amigos do ambiente”, devido à COVID-19!
COVID-19 com diversos impactos na população
E, na minha opinião, é cada vez mais relevante compreendermos que cada ação que tomamos tem um impacto no nosso planeta, para, desta forma, começarmos a tomar decisões mais sustentáveis.
E é extremamente importante que cada um de nós e que os nossos governos tomem medidas, pois caso continuemos com o ritmo atual indefinidamente, teremos consequências devastadoras!
Obrigado!